31.8.13

Memórias

Entre os vagões
encontrei a afeição
que um dia me fez chorar,
e talvez isso nunca tenha sido
puro o suficiente.

Se eu fosse um forasteiro,
eu poderia roubar tua gentileza.
Mas te conheço tão bem
que hesito em me comportar assim.

Quando os dias escurecem,
não cabe aos olhos uma solução.
No entanto, para eles,
deveríamos estar dançando,
sem medo de acabar adormecendo
em um admirável mundo
que não para de girar.

Vi aos meus amigos
caminharem sem rumo,
levando no rosto
o retrato da decepção.

Senti-me seguro por não ter me rendido
assim como me senti triste por eles,
porque estavam com um buraco no peito
de tanto que arriscaram seus corações.

O desespero tomou conta das minhas mãos,
e mesmo com saudades de casa,
desejei novamente uma fuga ao exterior,
pois aqui se fez tristeza.

Nunca imaginei
essas memórias retornando;
são tão frágeis que nos impedem
de viver pacificamente.

Esconder-se da tempestade
é apenas outra forma de melancolia
que nossos pais evitam ter.
Fugindo deste sufoco,
ainda nos culpam
por todos os medos desta cidade.

Assim, em nome de meus amigos,
peço que não haja lamentações
e que dê sustento aos seus corpos.

Tuas súplicas eram críveis.
Agora, elas são somente ambições.
Não sei se eu deveria me preocupar,
mas enquanto elas não cortarem
nossos pulsos como punição,
ainda me sentirei seguro perto de você.

– por J. C. Gonçalves

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