4.12.13

Fingindo Ser Humano

Já não sei o que ser perto de mim,
pois já gastei todo meu tempo
tentando sobreviver
à voracidade social.

Mesmo com o chão ensanguentado
todos continuam a caminhar.
A morte de outro homem
não é nada comparada
à falta de tempo.

Tamanha é a dor
que fingimos suportar,
para não sermos esquecidos.
Tamanha é a felicidade
que fingimos possuir,
para sermos lembrados.

… pois bem, calo-me
diante da beleza
de minhas terras…

Já não sei ser quem sou,
pois há muito hipnotizei-me
pelo exterior deste mundo
– e tal é a vivacidade dele.

Embora haja tanto
a se contemplar
silenciosamente,
não consigo parar
de pensar em nós.

Por mais que as suntuosas flores
sejam coisas com que sonhar,
não deveríamos nos perdoar
tão naturalmente,
ainda mais com
tantas feridas abertas.

É um silêncio no vácuo…

– por J. C. Gonçalves

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