22.5.14

Finita, Efêmera e Suportável

I / Antes

Movia-me lentamente,
querendo sempre alcançar
o fim das estreitas estradas.

Encontrei decepções e satisfações;
mais decepções do que satisfações
e mais plurais do que singulares.

Cobicei tudo aquilo
além destes altos muros,
e nem por isso me adiantei na vida.

Acreditei nas crenças alheias
e esperei que de mim
o tempo se esvaísse… matando-me, enfim.

II / Durante

Entretanto, nem isso eu pude obter.
Segui tantos caminhos
e nem eles puderam me socorrer.

Ocasionalmente avistei margaridas
brotando em cima de muros
e entre os ladrilhos das ruas.

Era loucura avistar tantas margaridas.
Ora, para o inferno com a sanidade!
E o que seria da vida sem sua paradoxalidade?

Muito sofrimento para pouco tempo!
Pouca contemplação para muita beleza!
Muita angústia para pouco coração!

III / Depois

Ó, o outro lado:
temido por poucos,
querido por outros.

Embora o labirinto
pareça infinito e sofrível,
podemos encontrar a saída juntos.

A questão, porém, não é como podemos sair,
alcançando, enfim, a outra vida;
e sim, como podemos acabar com demasiado sofrimento.

Para recomeçar, devemos acordar!
Para acordar, devemos existir!
E assim a vida nos esperará!

– por J. C. Gonçalves

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