I / Antes
Movia-me lentamente,
querendo sempre alcançar
o fim das estreitas estradas.
Encontrei decepções e satisfações;
mais decepções do que satisfações
e mais plurais do que singulares.
Cobicei tudo aquilo
além destes altos muros,
e nem por isso me adiantei na vida.
Acreditei nas crenças alheias
e esperei que de mim
o tempo se esvaísse… matando-me, enfim.
II / Durante
Entretanto, nem isso eu pude obter.
Segui tantos caminhos
e nem eles puderam me socorrer.
Ocasionalmente avistei margaridas
brotando em cima de muros
e entre os ladrilhos das ruas.
Era loucura avistar tantas margaridas.
Ora, para o inferno com a sanidade!
E o que seria da vida sem sua paradoxalidade?
Muito sofrimento para pouco tempo!
Pouca contemplação para muita beleza!
Muita angústia para pouco coração!
III / Depois
Ó, o outro lado:
temido por poucos,
querido por outros.
Embora o labirinto
pareça infinito e sofrível,
podemos encontrar a saída juntos.
A questão, porém, não é como podemos sair,
alcançando, enfim, a outra vida;
e sim, como podemos acabar com demasiado sofrimento.
Para recomeçar, devemos acordar!
Para acordar, devemos existir!
E assim a vida nos esperará!
– por J. C. Gonçalves
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