14.5.14

Inesquecível

I

Visitávamos aquela casa abandonada.
Gritávamos nossos nomes por nada.
Corríamos pelas ruas antes do anoitecer.
Esperávamos não nos tornar aquele ser.

Sim, efêmera foi nossa infância,
por isso, conto-a com tanta elegância.
Não, não foi um desperdício,
tampouco se tornou um vício.

Muitos invejavam nossa jovialidade
bem como nossa idade.
Muitos planejavam nosso futuro;
sempre bom e mau, nunca puro.

II

Eles desapareceram com os anseios dele.
Eles sequestraram os sonhos dela.
Eles queimaram minhas lembranças com uma vela.
Eles marcaram nossa macia pele.

Em todos esses anos,
eu nunca imaginei que envelhecer
fosse um problema a se resolver.
e, olhando para trás, nos vejo como insanos.

Pois bem, estamos crescidos agora
e a infância deve se tornar esquecível.
Contudo, isso nunca será possível…
Lembrar-se de tudo não será uma demora.

– por J. C. Gonçalves

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