I
Escreva versos parnasianos sobre
minha pele,
porque hoje não quero algo
significativo
e sim, detalhista e racional.
Serei impassível, mas objetivo.
Ninguém nunca foi tão memorável quanto
você,
talvez por ter sido alguém sincero.
Tão sincero que até me recordo de
seus poemas:
frases avulsas em papéis velhos.
Sinto que nunca nos conhecemos,
quando de repente pusemo-nos
a buscar a perfeição das palavras.
Sinto que estivemos perdidos
dentro de um mundo
que não nos valoriza.
II
Escreva versos simbolistas sobre
minha pele,
porque hoje não quero algo realista
e sim, devaneador e misterioso.
Serei sugestivo, mas subjetivo.
Ninguém nunca foi tão sentimental
quanto você,
talvez por ter sido alguém louco.
Tão louco que
até admiro sua falta de lucidez,
declamada através
de versos cantados.
Sinto que nunca nos conhecemos,
quando de repente pusemo-nos
a repudiar nossa própria realidade.
Sinto que estivemos perdidos
dentro de um mundo
que não nos satisfaz.
III
Não há perfeição nesses versos
assim como não há cores nessa vida.
E sinto que estivemos perdidos
quando na verdade estávamos livres,
pois somos mais livres
quando estamos sozinhos.
– por J.
C. Gonçalves
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