5.9.13

Minha Mão Trêmula

Ao poeta paciente
que viu o mundo consumasse em perdição;
eu, outro jovem, digo-lhe que hoje em dia
tudo se encontra ainda mais perdido.

Quiçá, acima de nossas cabeças haja sossego.
Todavia, cada dia que passa
começo a crer muito mais
no pessimismo que aquele tal de Assis
nutriu durante tanto tempo.

Nunca fiz das ações alheias palavras minhas,
já que em meio a tanta evolução do ser humano,
acredito, então somente, na necessidade de inovação
da qual somos cobrados diariamente.
Não obstante, consigo perceber a insignificância
deste meu pensamento, 
quando de súbito 
torno-me o agente direto.

Movemo-nos com tanta estupidez
que até duvido de nossa racionalidade.
Sinto muito por obter apenas negatividade,
mas os feitos são asquerosos
e quem dirá dos motivos.

Vejo os miúdos correndo
sem sequer saber o que acontece,
e não consigo sentir outra coisa
senão dó e vontade de tentar mudar
o futuro hediondo que os deixaremos.

Quando aquela guerra secreta retorna,
minha esperança encolhe e se dissipa.
Quando a miséria prevalece,
minha repulsa cresce.
Quando os inocentes morrem,
e eles os tratam com desdém,
minha mão sua e treme;
mais treme do que sua
e mais sua do que escreve.

O palácio não pode desabar.
Pois ele é mais importante
para a beleza deste país
do que a própria sobrevivência.
Enquanto tudo cai lá fora,
nós protegemos os cofres;
afinal, o futuro está tão próximo!

– por J. C. Gonçalves

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