Sem melodias nas palavras,
modificamos o maravilhoso devaneio
que um dia duvidamos existir.
Assim, o suor escorre devagar pelo
corpo
até encostar nesta superfície seca.
Lá fora o frio nos abraça forte,
e as gotas sobre a pele se tornam,
mais uma vez, súbitos desejos.
Saiba que embora eu tenha feito
infinitas viagens dentro deste lugar,
sinto-me pronto para partir de verdade;
esquecendo todas as angústias.
Durante o sono que a cidade teve,
um rosto pálido esteve me observando.
E foi a fragilidade de seus olhos
que me cativaram, e outrora,
foi a ternura de sua voz
que me despertou.
A ansiedade invadiu nossas mentes,
fazendo-nos morrer de melancolia.
Tão atordoante isto é
que me perco na vida
enquanto tento vivê-la.
No entanto, seus suspiros acabam
e ouço alguém falar próximo a mim:
"um pouco de carinho faria
bem".
Declamava o tal do coração selvagem,
que há muito sentia-se solitário
por nunca ter sido tratado com
sinceridade.
Eles nos ensinaram
essa forma de amar,
agora, dependemos dela.
Eles nos prepararam
para suportar a tudo,
exceto os próprios sentimentos.
Eles nos prometeram algo diferente,
mas meus olhos só enxergam
a monotonia que o mundo se tornou.
Rápido demais tal amor veio
e com ele uma dor irreparável.
Deveríamos ter vivido mais
antes de morrer no escuro.
– por J. C.
Gonçalves
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