3.5.14

Margaridas

Pelo coração dela eu fui acolhido
e, embora eu nunca tenha a agradecido,
ela não me quis ver perdido.

E o que seriam das flores
senão presentes aos mortos?

Pétalas brancas, centro amarelo;
não é presente nem flor.
É margarida, meu amor.
Aquilo que colocarei no seu cabelo.

E o que seria do rio
sem a efemeridade que ele representa?

Pelo coração dele eu fui compreendido
e, embora eu tenha partido,
ele se dispôs a atender ao meu pedido.

E o que seria de nós
senão pessoas assustadas?

Parede ensanguentada, parede rachada;
não é arte moderna nem atrasada.
É rebelião, meu amigo.
Razão pela qual te sigo.

E o que seria do mundo
sem a desordem que ele representa?

– por J. C. Gonçalves

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